Capitulo 22

- Treinar? – perguntei incrédula – pra que?
- Quando estava na Rússia eu treinava com meus guardiões tanto o físico como o meu elemento, Morois não são fracassados – falou ele com orgulho e eu fiquei feliz em saber que ele queria que morois lutassem junto com dhampirs – nós temos que estar na linha de frente também.
- Por essa eu não esperava – admiti e voltei para o tatame – vou lhe ensinar o que eu sei, mais não se esforce tanto querendo ou não somos mais forte que vocês.
- Certo – disse Ryan com os olhos brilhando em expectativa.
- Quero que você dê vinte voltas em torno da mansão depois que alongarmos – falei e ele esbugalhou os olhos.
- Ta brincando não é? – perguntou Ryan e viu que eu continuava séria fechou a cara – é muita volta.
- Meu mentor uma vez perguntou – comecei – se você está em um lugar movimentado com seu moroi e aparece um Strigoi o que você faz?
- Mato ele com uma estaca ou cortando sua cabeça – respondeu Ryan vitorioso e eu cai na risada.
- Errado você corre – respondi e fiz ele começar a correr.
 Alongamos por dez minutos e depois comecei a correr com Ryan, quando acabou ele arfava e eu tentava segurar o riso. Ryan fez uma carranca e esperou a respiração se normalizar para ensinar alguns golpes para ele, eu tinha que admitir Ryan era bom e rápido claro que não tanto quanto um dhampir mais era um começo. Ele conseguiu me pegar desprevenida duas vezes antes deu lhe dar um surra, ele caiu no tatame e deu três batidas sinalizando rendição.
- Você é boa demais – falou tentando manter a respiração normal – e me matou vou estar um caco amanhã.
- Pode apostar que sim – confirmei e ele gemeu.
- Meus guardiões não me judiavam tanto assim – ele falou brincando.
- Eu não sou sua guardiã então – falei rindo – amanhã treinamos mais.
- Vou treinar mais alguns golpes – falou Ryan e eu acenti saindo do ginásio.
 Peguei a toalha que tinha pegado para me secar, e levei comigo, enquanto saia do ginásio pude ver Ryan tentando usar os golpes que eu ensinara mais cedo, no boneco, ao vê-lo senti uma subida onde de afeto, não exatamente amor, mas algo dentro de mim se agitava.
Ele não era um Moroi terrível que julguei ser, e acima de tudo ele queria lutar ao lado de nós guardiões, e isso era extremamente raro, e enquanto via ele praticando luta tive certeza absoluta de que ele estava decidido a lutar contra os Strigois, mesmo vendo o quão mortíferos eles poderiam ser, depois de me ver matar eles.
- Rose? – Alguém chamou. Era o guardião Stewart, de mais cedo. - Abe está chegando, pediu que viesse avisá-la, ele quer falar com você.
- Obrigada, estou indo agora mesmo. – Falei começando a caminhar em direção a mansão.
Guardião Stewart me puxou pelo braço, e parou a alguns centímetros de mim, fiquei sem reação de início, mas me recuperei e me afastei preocupada.
- Desculpe-me por isso… queria apenas dizer que observei você treinando, e agora entendo o que diziam a seu respeito, parece uma Deusa defendendo seus ideais. – Ele falou com um sorriso no canto dos lábios.
- Obrigada, isso realmente me anima… embora eu deva tudo a Dimitri, ele foi meu professor. – Falei relaxando ao dizer o nome de Dimitri.
Minha mente se encheu de saudades, e desesperança. Dimitri havia me deixado mais uma vez, e algo me dizia que dessa vez era para sempre, ele não voltaria para mim e eu estava tentando me acostumar com a idéia, mas era tão errado… viver sem Dimitri.
- Guardião Belikov? – Perguntou Stewart com os olhos surpresos.
- Sim, ele mesmo. – Forcei um sorriso.
- Bom, não é para menos que seja tão boa guardiã. – Algo no que ele disse me deixou tensa.
- Se eu fosse mesmo uma boa guardiã estaria ao lado de Lissa e não presa em uma merda de mansão esperando que as coisas se resolvam por si só. – Repliquei, e só depois percebi o quanto tinha soado agressiva. – Olha me desculpe, mas Lissa sempre foi minha prioridade e estar longe dela…. Simplesmente me deixa… perdida.
Falei com um suspiro que nem havia notado que segurava, mas ali pensando melhor percebi que desde que tudo começou eu estive visando Lissa, me imaginando voltando para ela e para onde era meu lugar, protegendo-a.
Mais tudo no meu mundo virou de cabeça para baixo do nada, eu acabei tendo um caso ou tenho com o irmão de Lissa, Dimitri me deixou e eu estava sendo perseguida por alguém que quer me matar obviamente. Isso tudo é uma droga, eu só queria ser uma dhampir normal que teria um caso com alguém passageiro e passaria o resto da minha vida com Lissa, só que nada é como queremos ou planejamos então aqui estou eu, foragida, com o coração partido, cansada de me esconder e tentando fazer um teimoso a ir para a corte comigo.
Sai de meus devaneios quando percebi que entrava na sala e Abe já esperava-me um pouco ansioso, quando cheguei perto senti alguém me abraçar apertado e quando olhei era a minha mãe. O que ela faz aqui? Com abe?
- Mãe? – perguntei confusa – o que você faz aqui?
- Vim te ver Rosemarie – disse minha mãe voltando ao modo guardião de ser – temos noticias boas, achamos um vídeos que mostram alguém entrando no seu quarto e pegando sua estaca, estavam danificadas mais conseguimos concertar.
- Em... Então que... Quer dizer eu vou ser inocentada? – gaguejei e tive que sentar no sofá, iria fazer três meses que eu estava afastada da corte.
- Provavelmente – falou Abe e minha atenção voltou-se para ele – precisamos de mais algumas provas para acusar o culpado, mais fique tranqüila nós vamos conseguir.
- Quem é? – perguntei e senti meus pais ficarem tensos.
- Rose – minha mãe começou e eu sabia que não iriam me contar – acho melhor ficarmos entre nós, no dia do julgamento você irá e descobrirá quem é.
- Legal – falei sarcástica – vocês vêem aqui pra me dizer que já sabem quem é mais não irão me dizer. Adoro essas coisas, vocês são os melhores pais do mundo.
- Rosemarie – alertou minha mãe só que minha raiva era muito grande.
- Rosemarie nada Janine – exclamei – estou cansada disso, já sou maior de idade posso muito bem me cuidar e saber quem está tentando me matar.
- Na hora certa você saberá – falou Abe com a voz de chefão e eu engoli em seco – agora chega Rose.
Bufei frustrada, xinguei baixinho e marchei decidida pro meu quarto. O que eu menos queria era ficar ali dialogando com aqueles dois traíras, o importante era manter a calma e esperar mais um pouco que logo eu estaria com Lissa. Não seria como antes agora que ela já era rainha, mais daríamos um jeito como sempre, minha vida voltaria a ser como antes se deus quisesse.
Cheguei ao meu quarto e antes que pudesse fazer algo fui sugada bruscamente para a mente de Lissa.

“- Você o que? – gritou Lissa olhando Dimitri como se ele fosse louco.
- Estou pedindo para ser guardião de Christian Ozera, Alteza – disse Dimitri cordialmente e eu fiquei chocada como Lissa.
Olhando para Dimitri agora a salvo dentro da corte me deixou imensamente feliz, Nathan strigoi não poderia fazer nada agora eu era a única desprotegida. Mais confesso que pedir pra ser guardião do Christian me pegou desprevenida, ele jurara proteção a Lissa e agora simplesmente queria cuidar de Christian.
Na mente de Lissa ela tentava processar o pedido, porém sua mente se recusava a acreditar que Dimitri quisesse abandoná-la. E além de tudo, ela estava sem mim, ele não poderia fazer aquilo com ela, e eu concordei em sua mente.
-Dimitri porque está fazendo isso? – Perguntou Lissa com a dor visível nos olhos, ela gostava muito de Dimitri e pensava que uma vez longe de mim se ficasse perto dele poderia me sentir próxima.
- Alteza, não quero ser rude, nunca foi minha intenção fazer esse pedido, mas há assuntos minuciosos envolvidos, acho que no momento é o certo a fazer – Respondeu com a voz grave.
- Mas ainda não entendo o que é tão importante que te impede de ser meu guardião? – Ela perguntou com a voz esganiçada, lutando para entender a decisão de Dimitri.
- Lissa… essa é uma decisão minha, eu escolhi isso, mas não se preocupe não é nada a ver com você. – Dimitri tentou tranqüilizar.
- É a Rose não é? – Lissa indagou como se tivesse finalmente entendido.
Durante alguns minutos Dimitri permaneceu em silencio, depois virando o rosto para o lado oposto do de Lissa respondeu.
- Não é isso… mas acredite seria o melhor nesse caso. – Dimitri apertou os olhos como se estivesse tentando visualizar algo por uma cortina de fumaça e me perguntei se ele estava se lembrando da noite que me viu com Ryan, nossa ultima noite.
- Eu ainda não acredito que você está fazendo isso, estou desapontada…
- Por favor, Alteza… - Dimitri estava quase implorando a ela agora e ela a beira das lágrimas.
Em minha cabeça eu estava furiosa, Dimitri não podia fazer isso com ela, ele era o único que poderia me tranqüilizar se ficasse com Lissa caso eu não pudesse mais ser sua guardiã e na pior das hipóteses, ser condenada para sempre pela morte de Tatiana.
Os dois se olharam durante longos minutos, e Lissa via a determinação estampada na cara de Dimitri, ele estava disposto a abandoná-la. Lissa por sua vez pensava que não teria mais nada a perder naquele momento, já havia perdido tudo, seus pais, seu irmão, perdido a mim e agora… Dimitri.
Eu queria poder gritar alto para ela “Lissa estou aqui, sempre estive, jamais abandonaria você eu prometi… você é minha protegida”, porém a realidade batia de frente com a minha cara, Lissa não podia me ouvir e estava deprimida por saber que talvez, eu jamais voltaria. Em seu interior ela gostava de imaginar que se Dimitri tinha voltado, então eu estaria prestes a voltar também, mas o que ela não sabia era que as coisas não eram tão fáceis.
-Não posso mudar essa decisão não é mesmo?  - Indagou com a voz acima de um sussurro.
- Não… - Foi tudo que ele respondeu, eu seu rosto também havia tristeza. – Mas não estará desprotegida Alteza, eu jurei que nunca deixaria que se machucasse, e não descumprirei minha promessa, Estarei com Christian, e ele perto de você.
- Se você quer isso… e já que não posso convencê-lo do contrario…. Então assinarei seus papéis, concordo com tudo que disser. – disse Lissa assinando um papel que Dimitri havia lhe dado e o devolveu para que ele assinasse, ele o fez sem hesitar.
- Oficialmente seu novo protetor é Christian Ozera – decretou Lissa e Dimitri com uma leve reverencia saiu da sala deixando Lissa com os olhos marejados de dor.
Não tive tempo de digerir e nem pensar em nada porque Viktoria entrou logo depois que Dimitri saiu e Lissa lutou para reconstituir sua postura.O rosto de Viktoria estava um pouco roxo e na mesma hora vi na mente de Lissa que Viktoria andava treinando com Dimitri.
- Meu irmão saiu e nem me ouviu o que aconteceu? – perguntou Vik fazendo uma reverencia para Lissa que girou os olhos com o cumprimento.
- Pare de me tratar como realeza Vik – disse Lissa em um muxoxo – Dimitri pediu para ser guardião de Chris.
- Dimka? – perguntou Vik chocada e Lissa acentiu triste – não acredito. Ele anda muito estranho desde que voltou, mais fechado que nunca, não fala da Rose e depois que você me contou que ele deu um fora nela eu quero matá-lo. Ele não podia fazer isso com você e com a Rose.
- Creio que ninguém o entenda – Lissa tentou defendê-lo mais Vik balançou a cabeça descrente.
- Dimka está sendo teimoso – Vik afirmou e meu coração se apertou – ele a ama só não quer admitir para si mesmo. Mas nada explica porque ele fez isso com você.
- Vamos deixar que seu irmão em paz – decidiu Lissa querendo descansar do assunto, ainda estava muito abalada – e com Adrian, como estão?
- Na mesma – respondeu Vik pra baixo – ele gosta da Rose e não de mim.
- Vik ele ainda não percebeu você, relaxa, ele não tardará em procurá-la – disse Lissa e eu soube que nada de importante sairia dali. E para minha surpresa, eu mesma não queria saber o que se passava com Adrian, eu não tinha o direito de sentir ciúmes ou qualquer coisa parecida, mas ver Adrian voltando a caminhar me fez infeliz, pois eu mesma estava me afundando cada vez mais em um buraco sem fundo, sem Dimitri, sem Lissa, sem ninguém realmente.
Era um pensamento egoísta, mas o que eu podia fazer? A depressão pairava sobre minha cabeça e ameaçava minha sanidade, eu precisava arrumar minha vida de qualquer jeito, começando por provar minha inocência na morte da outrora rainha Tatiana.
Concentrei-me, e voltei para minha própria mente”

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