Presentes e Presentes
Já fazia um ano e meio que Rose estava na Academia St. Vladimir e ela tinha acabado de completar dezessete anos de idade. Ela não comemorou. Não quis nem presentes! Ela dizia que não tinha qualquer motivo para comemorar. Sua mãe lhe mandou de presente um conjunto de colar e brincos de pérolas com diamantes e era uma jóia de família que ela tinha ganhado de sua mãe quando fez dezessete anos. Rose abriu o presente e achou tudo lindo, mas quando leu o cartão e viu que era de sua mãe...
Flashback on – Rose POV
Acordei de ressaca, só para variar. Entrei na banheira e relaxei por um tempão. Era sábado e era o meu aniversário. A comemoração foi sozinha em meu quarto com três garrafas de vodka que consegui compelindo um guardião para me comprar. Pelo menos valeu a pena. Dormi entorpecida de tanto álcool que não senti aquela dor que me consumia, todos os dias! Não falei com ninguém e desliguei o celular.
Entrei no meu quarto e vi sentado na poltrona um Mikail muito chateado. Ele me olhou fixamente.
“Será que eu posso pelo menos te cumprimentar, docinho! Ontem você não foi às aulas e não recebeu ninguém. Trancou a porta e desligou seu celular. Seu pai me ligou agora para saber o que estava acontecendo e eu não sabia o que responder, além de que você estava trancada no quarto e não atendia ninguém! Rose, eu te entendo, mas as pessoas se preocupam... Toma, isto é para você! Abra!” Eu sorri e o abracei.
“Mika, não precisava me dar presentes... Eu disse que não queria...” Ele sorriu.
“E eu respeitei, mas não é meu, embora tenha adorado o abraço! Parabéns, querida!” Ele beijou minha testa. Eu não li o cartão primeiro. Eu abri aquela caixa. Era uma caixa em veludo preto, com fecho dourado muito delicado. Parecia antigo. Dentro tinha um par de brincos com diamantes e um colar de pérolas com um único diamante no fecho. Era lindo!
“É lindo! Deixe-me ver o cartão. Aposto que é de meu pai!” Mikail me entregou o cartão e me olhou com uma cara estranha. No cartão estava selado com cera e o brazão da família.
“Kiz, querida, eu te amo mais que qualquer coisa que eu tenho em minha vida. Você foi esperada, planejada e amada desde que eu soube que estava grávida! Você é o ar que eu respiro... A razão da minha existência! Dezessete anos de idade é uma data importante e eu ganhei esse conjunto de sua avó quando tinha a mesma idade. Ela ganhou de sua bisa também na mesma época. Essa jóia está na família há mais de dois séculos e quero que quando você tiver uma filha e ela fizer dezessete, você transmita essa jóia a ela. Essa jóia é encantada e te trará muita felicidade. Eu te amo meu amor e espero que me perdoe.
Com amor.
J.H.M.”
Eu senti meus olhos cheios de lágrimas e eu queria me livrar daquilo o mais rápido possível. Eu ainda não tinha perdoado a minha mãe por ela ter me enxotado de casa como se fosse uma leprosa. Eu olhei para Mikail que parecia perceber o que eu ia fazer. Ele abanou a cabeça desaprovando.
“Devolva isso, Mikail, por favor! Eu não quero nada da megera! Eu não quero nada dela em meu quarto. Devolva isso, ou jogue fora ou dê para os pobres... Sei lá! Faça qualquer coisa, mas dê um fim nisto! Ela conseguiu estragar ainda mais o dia do meu aniversário, que por sinal, já estava estragado!”
Entrei de novo no banheiro e tomei uma ducha bem quente enquanto chorava compulsivamente. Como ela pôde me mandar um cartão! Ela me expulsa de casa e me manda um presente de aniversário, mesmo sabendo que eu não iria querer?! Merda!
Quando sai do banho, Mikail ainda estava no mesmo lugar.
“Docinho, vamos conversar!”
“Não Mika, não me torture. Só me deixe sozinha. Eu quero ficar sozinha e se você quiser me dar uma meia dúzia de garrafa de qualquer bebida que contenha álcool, eu lhe ficaria muuuuuuito grata!” Ele me olhou sério.
“Rose, isso não tem graça! A sua mãe está sofrendo porque tem um ano e meio que ela não fala com você. Ela veio até aqui e você sequer se deu ao trabalho de abrir a porta do quarto pelo menos para ela conhecer onde você está alojada! Rosemarie, isso não é justo e eu não vou devolver isto!” Eu bufei. Ele estava realmente nervoso, porque raras as vezes que ele me chamava de Rosemarie. Só mesmo quando estava muito bravo. Mas eu não ia aliviar.
“Tudo bem! Você se recusa a mandar então deixe aí. No meu quarto tem lixeira!” Ele me olhou como se não acreditasse no que eu estava dizendo. Eu completei. “Eu ainda posso presentear alguém. A Mia faz aniversário depois do Natal... Acredito que ela adoraria usar essas jóias... Eu não faço questão dessas coisas... Eu só queria ter uma mãe de verdade, com uma casa de verdade... Uma mãe que não tentasse me comprar com jóias caras, mas que me compreendesse e tentasse me ajudar... Uma mãe que não me enxotasse de casa por se sentir constrangida porque sua filha tem problemas... Uma mãe que me desse colo, amor e não presentes! Eu queria uma mãe de verdade!”
Quando eu terminei meu discurso, eu estava gritando e chorando e Mikail me abraçou e me deitou na cama, me dando um remédio que eu nem sei o que era, mas que me fez dormir.
Acordei só no outro dia e a jóia não estava mais lá. Só o cartão que eu rasguei em pedacinhos e joguei no lixo.
Flashback off Rose POV
Agora, faltavam duas semanas para o Natal e Rose, que teria a oportunidade de ir para casa, ficou sabendo que seus pais iriam viajar a negócios e não poderiam levá-la. Isso piorou o seu humor consideravelmente, mas Lissa queria fazer compras de Natal e queria arrastá-la junto para o Shopping da cidade. Como era uma oportunidade única de sair da Academia que ela considerava uma prisão, aceitou o convite.
Eles se acomodaram em uma SUV. Lissa, Christian, Mason, Mia, Eddie e Rose, juntamente com Mikail, Alberta e Stan. Chegaram ao shopping no meio do dia humano para fazer as compras de Natal. Rose comprou presentes para todos, até para Boris e os empregados da casa de seu pai, menos para a sua mãe.
Ela entrou o Wall Mart e pegou uma vassoura dizendo que iria mandar para a sua mãe, mas Lissa a repreendeu.
“Rose, pelo amor de Deus! Ninguém pode detestar tanto a mãe assim! Quisera eu ter a minha comigo...” Lissa baixou a cabeça e uma lágrima escorreu. Rose a abraçou confortando-a.
“Tudo bem, não vou mandar essa vassoura, mas também não mandarei presente algum para ela!” Disse decidida. Lissa deu-lhe um olhar reprovador, mas de nada adiantou.
Elas compraram seus vestidos e sapatos e jóias e tudo o que uma garota quer para se arrumarem lindamente para o baile de Natal da Academia, já que nenhum deles iriam a lugar algum. Christian disse que sua tia viria passar a Noite de Natal com eles e que seria divertido. Rose tentou sorrir, para não parecer nenhuma estraga-prazer ou desagradável.
Estava escurecendo já e Alberta estava nervosa para que fossem embora. No estacionamento, Rose viu um vulto passar correndo perto da SUV e quando olhou de novo. Strigois. Os guardiões já haviam percebido e se colocaram na frente deles, morois. Rose logo fez uma bola de fogo e jogou em um strigoi que atacava Mikail, causando uma excelente distração. Ela foi pega por trás, mas conseguiu dar um soco no strigoi que a atacou, o surpreendendo e colocou fogo nele também. Christian fazia a mesma coisa e logo depois, o ataque havia acabado com todos os strigois mortos e poucos ferimentos nos guardiões. Nenhum moroi se feriu. Mia também fez sua parte, usando a água da fonte que tinha ali para distrair um strigoi que atacava o Eddie.
Dentro da SUV, Mikail abraçava Rose que chorava compulsivamente. Ela estava se lembrando de quando Mohammed foi morto.
“Eu não consegui salvá-lo Mika! Eu não consegui! Me perdoe, Mohammed, me perdoe!” Ela chorava e falava isso o tempo todo. Ela estava em choque.
Mikail a consolava e todos ficaram quietos, perturbados pelo choro de Rose. Ninguém se atrevia a falar nada. Ao chegarem a Academia, Mikail a levou à enfermaria, onde a Dra. Olendski a atendeu e lhe uma injeção de calmante.
“Leve-a para o quarto dela se quiser, mas não recomendo que ela fique sozinha! Se ela sentir-se mal ou voltar àquele estado, me traga ela de volta!” Mikail assentiu e levou Rose nos braços para o seu quarto. A deitou na cama e ficou ali com ela a noite toda. Ela passou bem a noite, mas quando acordou ela ainda chorou um pouco.
Lissa foi até o quarto de Rose para vê-la e ela resolveu atendê-la. Ela abraçou Rose e ficaram assim, sem falar nada, só dando conforto. Por fim, Rose se levantou e tomou um banho. Foram até aos alimentadores, ainda sem conversarem. Sentaram-se em um banco no campus e ficaram vendo a neve. Estava frio e nevava um pouco.
“Rose, você está melhor?! Eu fiquei preocupada.”
“Sim Liss, estou melhor. Obrigada e não se preocupe. É que eu me lembrei de quando... Ah! De quando a Academia na Turquia foi atacada e Mohammed morreu para me salvar... Tudo voltou a minha mente... Era como se eu tivesse vendo tudo aquilo de novo e...” Lissa a abraçou.
“Shhhh, ta tudo bem! Me desculpe, eu não queria fazer com que se lembrasse... Me desculpe!” Ela olhou nos olhos de Lissa e viu o arrependimento. Viu também outra coisa: viu que Lissa tentava mandar uma espécie de magia para ela... Como se quisesse curá-la, acalmá-la. aquela energia mágica que ela mesma provou quando curou Boris.
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