Já havia se passado dois dias sem grandes noticias, eu sempre tentava entrar na cabeça de Lissa querendo saber como eles iam com o plano aterrorizante e paranóico de ir atrás de strigois, mas não conseguia obter nada, apenas fragmentos de conversas pouco informativas, porém que ainda me deixavam atormentada o dia todo e até mesmo em meu sono.
Depois do incidente com o espírito e meu embaraçoso desabafo com Dimitri, havíamos tomado uma postura distante um do outro e uma aparência profissional. Dimitri mantinha uma compostura defensiva comigo, me fazendo ficar um pouco deprimida e ao mesmo tempo aliviada.
Nos dois dias que se passaram continuamos com os treinos no mesmo local, para depois acharmos uma pista onde pudéssemos correr, e foi como se tivéssemos regressado ao passado onde tudo era fácil.
O barulho dos passos e da respiração ofegante de Dimitri me deixava calma, facilitando nossos treinos e melhorando nossa percepção. E eu quase podia dizer que ele achava o mesmo, ora ou outra eu o pegava olhando de canto de olho para mim, não tinha nada de diferente naquilo, era apenas uma verificação natural de quando ainda éramos professor e aluna.
Enquanto não tínhamos nada para fazer, e esperávamos qualquer informação de Sidney e Abe, eu vagava de local a local freqüentado por morois, como da ultima vez que visitei a Rússia. Em todas às vezes Dimitri não se opôs as minhas saídas sem sua segurança.
No terceiro dia eu estava em mais um dos bares que os morois freqüentavam, sentada em uma banqueta distante das pessoas, quando eu o vi.
Um homem, na verdade com uma aparecia bem jovial, entrou e se sentou assim como eu no canto mais distante do bar, do lado oposto. Era um moroi, logo percebi pelo segurança dhampir atrás dele naturalmente “invisível”.
Tinha cabelos loiros platinados, e olhos azuis profundos, era magro e esbelto, cada traço era delicado, e ao vê-lo como um tudo eu parecia descrever ele como Lissa. Tudo nele era igual Lissa. Congelei em meu lugar e observei.
- Um copo de Nalívka com ameixa. – Disse ele ao atendente. Ele ficou quieto depois disso e apenas observou o local assim como eu fazia, e então seus olhos me encontraram e soube que ele vira a curiosidade nos meus.
Abaixei a cabeça me fingindo de desentendida, depois de alguns minutos minha sensibilidade avisou que ele havia parado de me olhar. Não olhei mais para ele, ao invés disso me levantei discretamente e fui até o balcão de drinks onde dificilmente poderia ouvir algo através das vozes que se misturavam, mas que me proporcionava uma aproximação e visão considerável do garoto que eu agora desconfiava ser irmão ilegítimo de Lissa.
Eu mal podia acreditar na minha sorte, se aquele garoto fosse mesmo o filho ilegítimo de Eric Dragomir era como um tiro no escuro que eu acertei no alvo. Eu não podia ter certeza, e tampouco podia tirar conclusões apenas por sua aparência, mas eu estava disposta a descobrir mais sobre ele.
Verifiquei-o muitas vezes, absorvendo cada detalhe que podia, e cada costume visível, fiquei decepcionada ao ver que nisso ele não era nada parecido com Lissa, seus modos eram indiferentes e nas duas vezes que eu o vi falando com duas morois percebi sua grosseria.
Decidi me aproximar ainda mais, vi uma mesa exatamente a frente dele, me movi e foi um erro terrível, assim como na primeira vez que estive na Rússia, o moroi sussurrou algumas poucas palavras ao seu dhampir e este logo se moveu em minha direção com uma posição dura e defensiva. Recuei alguns passos antes de chegar à mesa, e quando consegui disfarçar mudei de rumo, indo direto para fora do bar. Ao olhar para trás me irritei ao ver o dhampir ainda me seguindo e quase me alcançando.
- Merda! – xinguei para mim mesma. – Ok, me desculpa por aquilo lá dentro, não estou seguindo ninguém, eu juro. – Aumentei minha voz me virando em posição de auto defesa para o dhampir.
- Quem é você e o que quer? – Indagou com a voz fria e congelante.
- Eu não quero nada, já pedi desculpas, ok. Eu apenas pensei que o conhecesse de algum lugar... – expliquei inocente.
- Quem é você e o que quer, diga agora, ou prefere que eu extraia isso de outro modo? – Falou o dhampir, agora ele dava passos ameaçadores em minha direção.
- Foi um erro camarada, eu me enganei. – Tentei parecer inofensiva colocando as mãos para cima.
Escutei um grunhido de frustração, e percebi que o meu “Camarada” não surtia um efeito muito bom com as pessoas. Qual é, pensei que tivessem pelo menos algum humor. O dhampir avançou em minha direção, mas antes que ele pudesse chegar perto o suficiente uma voz grave e em russa ecoou a minha direita. Virei minha cabeça e encontrei Dimitri. De novo.
Soltei alguns palavrões mentalmente e amaldiçoei sua habilidade de aparecer justo quando eu estava com problemas, não cheguei a demonstrar minha irritação porque assim que ele terminou de falar o guardião dhampir soltou um ruído que não pude compreender. O dhampir examinava Dimitri de cima a baixo, seus olhos perderam o foco por um momento deixando-o de baixa guarda, e então ele deixou a postura ofensiva e adotou o comportamento correto de guardião novamente.
Dimitri trocou algumas frases com o guardião e em alguns momentos ele inclinava a cabeça em minha direção, percebi que falavam de mim. Alguns minutos entre o dialogo dos dois e minha impaciência quase estourando, eles se aproximaram e apertarão as mãos como velhos amigos, o que era exatamente o caso, eles se conheciam, e Dimitri havia me livrado de uma enrascada.
Depois de trocarem despedidas Dimitri se virou para mim com cara de poucos amigos.
- Rose o que acha que estava fazendo? Perseguir um moroi, isso é insano. – Falou com a voz ríspida.
- Eu não o estava perseguindo, alias você nem ao menos sabe o que vim fazer aqui! – Exclamei cruzando os braços e virando o rosto para não o encarar.
- Escute Rose, estou cansado de tudo isso, você não me diz aonde vai e sempre se mete em encrenca, eu é quem tenho que adivinhar aonde você está. – Dimitri de repente parecia bem mais velho, seu rosto aparentava cansaço, e eu sabia que era das minhas atitudes.
- Me desculpe… - Falei em voz praticamente inaudível. Eu ainda não conseguia encará-lo.
- Roza… - Dimitri disse, e eu pensei que fosse sucumbir aos meus sentimentos ali, mas então meu celular tocou me distraindo.
Rose tenho novidades, talvez ajude você nessa missão para encontrar o filho de Eric. Falo com você pela manhã no Starbucks. Sidney.
- Finalmente. – Bufei para então olhar Dimitri que continuava imóvel me encarando. – Sidney tem informações que podem nos ajudar.
- Bem a tempo. – Falou Dimitri e eu não sabia se era bem a tempo antes que algo acontecesse entre nós, ou se era porque já se tinha passado tempo demais desde a ultima informação.
- Acho que está na hora de voltar… - Fui interrompida por uma onda de náusea que me colocou instintivamente em defesa. Dimitri percebeu e se posicionou.
Na sombra da noite tudo que podíamos ouvir era o som de nossas respirações e meu grunhido quase inaudível. No fim da rua onde nos encontrávamos passavam vários carros, fazendo as sombras dançarem por sobre o asfalto.
A escuridão se moveu do nosso lado oposto, e Dimitri e eu nos agachamos em posição de ataque.
Aquilo estava estranho demais, o strigoi certamente já deveria ter nos atacado, mas a náusea já havia sumido substituída por uma sensação apenas de apreensão.
Da escuridão surgiu um mendigo. Suas roupas sujas e maltrapilhas arrastavam pelo chão e seus passos desordenados o faziam cambalear. Em seu pescoço havia marcas de dentes, e em sua mão havia um papel.
Antes de cair ele estendeu o bilhete para Dimitri, que pegou sem ao menos o olhar quando este bateu com a cabeça no chão frio. Dimitri abriu o papel e depois de alguns minutos paralisado ele se moveu puxando meu braço.
- Vamos sair daqui. Agora. – Sua voz me fez estremecer, pois de algum modo eu sabia que tinha algo de muito errado com aquele papel, que fez Dimitri ficar apreensivo.
- Mas o que aconteceu? O que era aquele bilhete? – Perguntei freneticamente. – Não podemos deixar o cara ali…
- Roza é só um mendigo. – Dimitri disse meu apelido com a intenção de me acalmar o que não aconteceu e então me arrastou mais forte para a avenida.
Ao chegarmos no hotel, eu continuava perguntando feito louca o que era aquilo que tinha acontecido, tentei até mesmo enfiar minha mão em seu bolso na tentativa de pegar o bilhete, mas Dimitri sempre me impedia.
Quando chegamos ao quarto ele soltou meu braço agora dormente por sua causa do apertão.
- Dimitri, por favor, me deixe ler aquele bilhete. Eu sei que tem algo errado acontecendo. – Estava praticamente implorando a ele.
- Roza, escute não há nada de grave. Apenas era um lugar perigoso aquele, por isso te trouxe rápido para cá. E quanto ao bilhete era apenas uma mensagem do guardião com quem falamos.
- Não minta, e como explica as marcas de mordidas no pescoço daquele cara? – Disse acusatoriamente
- Ele é um morador de rua, alguém deve ter se alimentado dele, poderia até mesmo ter sido o guardião. – Dimitri falava agora tão calmamente que aos poucos me convencia.
- E meus sentidos, eu senti um strigoi ali, você não pode me contradizer isso. – Continuei nervosa.
- Desculpe Rose, mas nada garante que esse seu sensor realmente funcione bem com os strigois.
Dimitri coçou o queixo e depois se aproximou colocando sua mão sobre minha cabeça, me fazendo parecer uma criança teimosa.
- Rose talvez seja melhor você descansar, esses últimos dias tem sido difíceis para todos nós. Relaxe um pouco, vou tomar um banho. – Falando isso ele tirou seu casaco e suas botas e os deixou perto do sofá.
Ouvi quando ele ligou o chuveiro, e pude ouvir também o barulho da água caindo em seu corpo. Mordi o lábio inferior para tentar distrair minha mente de Dimitri e resolvi me deitar um pouco.
Tirei minha jaqueta jogando ela de modo desajeitado no sofá, e estiquei minhas pernas na cama, recostei-me na cabeceira e encarei o relógio. Já passava da meia noite.
Decidi verificar Lissa, mas ela estava com Christian trocando caricias de amor no quarto. Eu me recusei a ficar mais tempo em sua mente com medo de ver e sentir coisas indesejadas.
Foi quando eu vi que Dimitri sempre cuidadoso havia sido desleixado, seu casaco apoiado no braço do sofá era muito convidativo e me fez pular imediatamente da cama.
Eu sabia que era errado, porém não conseguia obrigar meus pés e minha mão a ficarem quietos. Aproximei-me silenciosamente e sem parar de olhar para o casaco me vi segurando-o firme entre as mãos. Abri seu bolso e furtei o pequeno bilhete.
Fiquei um minuto olhando, e não acreditando que dimitri havia se esquecido daquilo, justamente quando eu estava tão curiosa para descobrir o que o havia assustado. Abri o bilhete e me prendi nas palavras escritas em um bonito itálico.
As palavras escritas me fizeram estremecer, e fez meu coração quase saltar para fora do peito.
“Dimitri Belikov, então é realmente verdade que voltou a vida, um ato surreal e impressionante devo confessar. Preciso informar que estou observando você desde que os boatos que voltou a Rússia surgiram, e além de ter realmente voltado trouxe também para nós uma relíquia… Rosemarie Hathaway. Ela agora é desejada por todos nós, seus atos ecoaram e nos deixaram infames, é por isso que mando essa pequena carta em forma de sentença, um aviso de que Rosemarie não sairá viva desse país, assim como você meu caro… voltará para nós. Espero que tenha uma boa estadia na Rússia, porque o tempo de vocês (e especialmente você) é curto. Não há escapatórias, nesse momento vocês já estão cercados, nossos números cresceram desde sua ultima visita.
Obs: Alguns companheiros ficaram feliz ao saber que você estará junto de nós novamente.
Até logo,Um amigo.”
Li e reli a carta mais de três vezes só para depois perceber que Dimitri havia acabado seu banho e estava agora de frente para mim me olhando com um misto de raiva, frustração e preocupação nos olhos.
- Dimitri… - Não consegui terminar a frase, estávamos em um beco sem saída, muitos strigois sabiam onde estávamos e nesse exato momento estavam se preparando não só para me matar, mas para voltar a transformar Dimitri.
OI PESSOAL O BLOG ESTA PARADO TEMPORARIAMENTE
ESPERO VOLTAR EM BREVE.
BEIJOS!!!!
3 comentários:
Noossaaa! Está demais!!!
Parabéns!!!
bjs
nossa...
agora você se superou
ta perfeito
Obrigado genteee...Fico feliz em saber que estou agradando vocês com a minha fic xD
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