Capitulo 12

Reencontro

-Mãe. – Ouvi Dimitri falar, senti meu corpo todo tremer e meu coração estrondar no meu peito. O tempo pareceu congelar e eu não consegui dar mais nenhum passo.
-Dimka. – Olena, Vik, Carolina e Sonya gritaram, olhei pra sala e o vi, ele estava mais lindo do que da ultima vez que eu o tinha visto, ele abraçou a mãe e as irmãs ao mesmo tempo.
-Vai. – Yeva falou me dando uma bengalada. Cala a porcaria da boca, foi o que eu quis dizer.
-Shiii. – Falei baixo, eu não queria que ele me visse ali, como eu iria fazer pra ir embora eu não sei.
-Oh Dimitri como é bom te ver meu filho. Como você está? – Olena perguntou olhando nos olhos de Dimitri, com certeza procurando algum indicio do Dimitri strigoi.
-Estou ótimo mãe. – Dimitri a respondeu, sua voz rouca e penetrante. Eu não sabia quanta saudade eu havia sentido até ouvi-lo novamente, só então esse sentimento esmagador tomou conta de cada centímetro de mim, me segurei para não correr e pular em seu colo. Meu Dimitri.
Como se eu tivesse o chamado ele olhou para mim, nossos olhos se encontraram e uma onda de fogo percorreu todo meu corpo. Por um segundo eu vi descrença, saudade e... Amor? Em seus olhos, e então ele colocou sua mascará que me era tão conhecida. Ele desviou seu olhar e falou.
-Estes são...
-Desce. – Yeva gritou me dando outra bengalada. Dessa vez todos os olhos vieram para nós nas escadas. Olhei pra Yeva com um olhar inquisidor e ela sorriu. Não tinha mais como não descer. Não voltei a olhar para todos enquanto descia a escada, e quando voltei a fazer eles já não estavam olhando pra mim e sim pra porta, onde estavam três pessoas. Novamente aquele sentimento esmagador me atingiu, a saudade era tanta que achei que eu não fosse capaz de ficar de pé, só que dessa vez eu não precisava me segurar, e nem ela.
-Rose. – Liss falou enquanto se jogava nos meus braços, em nosso laço, que agora parecia estar mais forte que quando estávamos longe, eu vi que ela sentia o mesmo que eu. A segurei com força no meu abraço.
-O que você esta fazendo aqui? – Perguntei a olhando, ela sorriu entre as lagrimas que deixava rolar.
-Senti sua falta.
-Eu também. – Falei sorrindo para a minha melhor amiga. Olhei para a porta e vi que o Cristian também estava lá, ao lado da sua tia Tasha.
-Cristian.
-E ai Rose? – Falei sorrindo.
-Bem. – Dimitri falou. –Esses são a princesa Vasilia Dragomir, Cristian Ozera. – Foi até onde eles estavam e deu a mão a Tasha. –E minha noiva Tasha Ozera. – Senti como se um buraco abrisse diante de mim e eu caísse, minha respiração saiu entrecortada e a única coisa que me impediu de cair, ou gritar ou sair correndo foi a voz da Lissa na minha cabeça.
“Não faz isso.” Eu a olhei e ela me olhava intensamente, ela me conhecia bem o suficiente pra saber que eu faria alguma coisa. Me senti orgulhosa quando olhei para os dois sem deixar que eles vissem o caco que eu estava por dentro, e mais surpresa ainda quando a Olena perguntei.
-Sua o que? – E a Vik gritou.
-Você endoidou Dimka? – Yeva falou algo em russo, que sabia que era um palavrão, todos os olhavam como se estivessem vendo algo de outro mundo. Por um segundo me senti mal por Tasha, mas então me lembrei que ele era pra ser meu, droga fui eu quem foi atrás dele, foi eu quem soltei o Vitor, fui eu quem o trouxe de volta. Vi então que era hora de sair dali antes que desse o gostinho a eles de me ver mais humilhada do que já estava.
-Tamy vamos. – Tamy me olhou e afirmou com a cabeça e então me lembrei, diante de tudo isso eu havia me esquecido. –Vik? – A chamei e ela me olhou, novamente me surpreendi ao ver que eu ainda era capaz de sorrir, dei um sorriso pra ela. –Boas noticia. – E ela entendeu.
-Serio? – Perguntou gritando e pulou em mim. –Valeu Rose, você é a melhor irmã do mundo. – Vik falou. Ouvi Carol limpar a garganta, mas pude ver que não era serio. Vik abraçou Yeva e a agradeceu, ninguém estava entendendo nada, mas tenho certeza que a Vik explicaria, olhei para a Tamy e fiz um sinal pra que saíssemos. Eu tinha muitas coisas pra perguntar a Liss, porem depois eu pediria a Vik pra leva-la até minha casa, eu não suportaria ficar ali mais nem um segundo, vendo Tasha acariciar a mão do Dimitri, me despedir de todos e enquanto saiamos olhei novamente para o Dimitri e novamente vi o mesmo olhar, aquela mesma conexão que sempre circulava entre nós, enquanto estávamos no St. Vladimir, aquela mesma energia que flui de um corpo para o outro e como se eu não agüentasse mais virei meu rosto e sai. 

***

Rolei de um lado para o outro na cama, mas não conseguia dormir, meu corpo e minha mente estavam a mil por horas, então senti meus pensamentos sumirem e uma raiva enorme tomar conta de mim.
-Por que você não me disse nada. – Lissa perguntou, eu sentia a loucura em seus pensamentos, ela estava revoltada.
-Eu não sabia Liss, juro. – Cristian falou.
-Como ele pode fazer isso?
-Liss o Dimitri é adulto, bem e se ele gosta da tia Tasha...
-Ele não gosta. – Lissa gritou o interrompendo. Pelos olhos da Lissa vi Cristian a olhar preocupado, eles estavam do lado de fora da casa de Olena. E então eu soube por que toda a sua raiva, ela não conseguia acreditar que o Dimitri estava com a Tasha, ela nem lembrava de os ver juntos. Mas eu sabia que grande parte da sua raiva não era sua culpa. Concentrei em seus pensamentos e puxei para mim aquela raiva toda. Pude sentir pelo nosso laço quando Lissa relaxou antes de voltar a mim.
Se antes eu estava muito ligada pra dormir, agora eu estava em fúria, eu sentia toda a minha raiva, junto com a da Lissa e sua loucura por causa do espírito, eu não conseguiria ficar mais ali. Levantei, coloquei uma blusa larga e uma bermuda apertada, prendi o meu cabelo e fui pra minha academia improvisada. Alonguei-me e como eu queria extravasar toda aquela energia ruim comecei a socar o saco de areia.
-Ah. – Gritei enquanto chutava e socava.
-O que ele te fez? – Dei um pulo e segurei meu peito com medo de que meu coração saísse dali.
-Puta merda. – Gritei olhando pra um sorridente Arthur. –Ta querendo morrer ou me matar? – Ele gargalhou e eu o fuzilei com o olhar. Ele estava somente de bermuda.
-Pelo visto eu não fui o único que não consegui dormir. – Falou enquanto vinha até onde eu estava. –Algum problema? – Perguntou segurando o saco e fazendo um sinal pra que eu voltasse a socá-lo. Dei um soco antes de falar.
-Não. Só perdi o sono.
-A Tamy disse que o irmão da Vik voltou. – Soquei novamente o saco e não o respondi. –E que a tal Lissa veio com ele. – Cada vez eu socava com mais força, sentia um nó na garganta e nunca iria me mostrar tão frágil para ele. Olhei para o saco enquanto continuava a socá-lo. Até que Arthur segurou minhas mãos. –Rose. – Ele falou exasperado e me puxou pros seus braços, em um abraço forte que eu não tentei sair. Eu precisava daquele abraço, mesmo sabendo que dentre todos os garotos, Arthur foi o que deixou bem claro quais eram seus reais sentimentos por mim, eu ainda precisava daquele abraço. –Não chora. – Arthur falou e só então percebi que eu já estava soluçando. Ele secou minhas lagrimas e me olhou, seus olhos me aqueceram e eu me senti a velha Rose, a que todos se apaixonavam, a inconseqüente, a que era antes que minha vida virasse essa loucura e acho que foi por isso que eu não o empurrei quando ele me beijou.

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