Desejos
O som estava tão perto que eu podia sentir o hálito frio em meu pescoço. Meu sangue congelou, e eu podia sentir que o frio da noite nada tinha a ver com isso.
Eu permaneci imóvel, sem conseguir me mexer. Em um segundo, Dimitri deu a volta em mim e parou em minha frente. Lindo, absolutamente lindo, e perigoso, e sensual. Ele tinha as mãos nos bolsos da calça. A camisa preta impecavelmente arrumada. Os cabelos soltos em volta de seu pescoço e um sobre tudo de couro cobrindo-o até os joelhos. Eu não conseguia deixar de olhar.
Dimitri baixou os olhos, percorrendo todo o meu corpo. Eu podia sentir seu olhar contra a minha pele, esquentando, queimando.
- Gostou? – eu perguntei colocando as mãos na cintura.
O movimento foi tão rápido que eu quase não pude perceber, de repente, eu estava em seus braços. Meu corpo contra o seu e seu cheiro inundando-me. Seus olhos eram ferozes e mortais.
- Não gosto de vê-la com aquele moroi.
Eu sorri – minha oportunidade de provocá-lo.
- Engraçado, porque eu gosto muito de estar com aquele moroi.
- Não me provoque, menina.
As palavras escorregaram entre seus dentes cerrados. Seus braços eram como correntes em volta de mim.
- Não estou provocando, é verdade. Ele até me beijou.
Dimitri engoliu em seco.
- Acha que aquilo foi um beijo? Acha mesmo que aquilo foi um beijo?
Dimitri levou uma mão em meu queixo, enquanto a outra me puxava mais perto.
- Está errada, isto, é um beijo.
Sua boca estava na minha, sugando mordendo, beijando. Sua língua pedindo passagem através dos meus dentes e entrando, mais fundo, mais fundo, como se ele quisesse me possuir. Seus lábios sugando os meus mais, e mais. Seus dentes mordiscando cada centímetro de pele entre meu pescoço e minha clavícula e meu colo, e mais. Eu gemi. Dimitri me apertou mais forte, como se meus gemidos lhe dessem mais prazer.
- Isso, Roza, é um beijo – ele ofegou contra minha pele.
Sim, aquilo definitivamente, era um beijo!
Dimitri continuou. Suas mãos tocando meu corpo, deslizando pelo delicado tecido da blusa, eu não pude resistir. Passei os braços em volta de seu pescoço, puxando-o para mim, mais perto. Enroscando meus dedos em seus cabelos, tocando, sentindo.
- Eu a quero – ele repetiu.
- Dimitri, não podemos – e então eu completei – não aqui.
Ele me olhou com seus olhos ferozes e sorriu maliciosamente.
- Sim nós podemos.
Eu não senti Dimitri se mover, mas em um segundo, tínhamos dobrado a esquina. A viela mal iluminada era estreita e sombria, mas por alguma razão, eu não tinha medo. Talvez porque eu estava nos braços da criatura mais temida de todas, talvez porque eu estava nos braços do homem que eu amava. Não sei. A verdade é que eu me sentia segura, e feliz.
- Minha Roza, minha.
Ele encostou meu corpo contra a parede de tijolos e apertou seu corpo contra o meu. Eu sentia, sentia seu corpo me desejando, sentida seu corpo se movendo sobre mim, sentia sua respiração forte, descompassada, entrecortada. Desejo. O desejo era visível tanto em mim, quanto nele. Dimitri desceu a mão espalmada pelo meu pescoço, e colo, detendo-se sobre meus seios. Seus dedos frios e hábeis sobre o tecido fino da blusa. Minha pele se arrepiou. Dimitri sorriu.
- Isso, sinta. Sinta meu toque.
Ele apertou mais seu corpo, contra os meus quadris.
- Sinta meu corpo. Sinta como eu te desejo.
- Sim – eu ofeguei – eu sinto.
Sua boca contra a minha enquanto suas mãos exploravam minha pele, por baixo da blusa.
- Você me quer Roza? Diga! Diga que me quer.
Minha cabeça estava zonza. Nada se fixava em minha mente, além dele. Seu corpo, seu gosto, seu cheiro. Eu não tinha mais nome, nem casa, nem vida. Eu só tinha ele, Dimitri. Meu Dimitri. Ainda assim, sobrava um pouquinho de vergonha.
- E se alguém passar?
Dimitri sorriu novamente. Aquele som arrogante e sensual de quem sabia que controlava o mundo.
- Podemos dar um jeito.
A única luz do poste explodiu, assim que Dimitri virou os olhos para ela. Suas mãos estavam nos botões da minha calça, soltando um, depois o outro. O toque frio de sua pele em mim só ressaltava o quanto eu estava quente. O quanto meu corpo ardia por ele. Meus dedos procuraram os botões da camisa dele, deixando seu peito perfeitamente esculpido, ao toque dos meus dedos. Dimitri gemeu. Eu queria mais, queria sentir o gosto da pele dele. Passei minhas mãos em suas costas, por baixo do casaco de couro, tocando a pele de seu peito com a boca, deslizando a língua sobre seus músculos, mordendo, beijando, sugando.
- Hum...
Dimitri gemeu, arqueando o corpo sobre o meu.
Enquanto ele deslizava minha calça para baixo, eu puxei seu casaco, cobrindo meu corpo com ele. Dimitri me sustentou com um braço, enquanto o outro se livrava da minha calcinha de renda em um único puxão.
Nua. Na rua. Loucura? Provavelmente, mas não importava, eu estava com ele. Meu Dimitri, mais uma vez. Meu Dimitri. Bem, pelo menos não existiam mais duvidas de que era possível fazer amor com um strigoi. Ou existiam? De qualquer maneira, eu teria a resposta em breve.
Meus dedos deslizaram até a calça. Eu soltei o botão e deslizei o zíper para baixo, tocando-o. Dimitri ofegou, soltando um gemido profundo.
Suas mãos seguraram minha coxa, por baixo, puxando-a e encaixando em sua cintura.
- Hum! Dimitri. Hum.
Eu não conseguia mais falar. Os sons saiam como se fossem sussurros e ofegos, meu corpo se contorcia sentindo-o em mim. Dentro de mim. Meu Dimitri. Novamente.
Dimitri me beijava, mais forte, mais urgente, como se tivesse fome de mim. Algo na maneira como ele sugava meus lábios e descia beijando minha jugular, dizia-me que era exatamente isso, ele tinha fome, tinha fome de mim. Tinha fome do meu sangue. Eu arqueei meu pescoço para ele. Naquele momento de luxúria, paixão e tesão não haviam reservas. Eu queria que ele me tomasse, queria ser dele, completamente. Dimitri não me mordeu. Ao invés disso, ele sussurrou em meu ouvido.
- Peça. Me peça o quer que eu faça.
Suas mãos me sujeitaram pela cintura, mais forte, minha perna em volta de seus quadris, enquanto ele se movia para mim, forte, rápido, como se nada mais importasse. Eu sentia meu corpo tremer, e suar. Eu o queria.
Arqueei meu pescoço novamente, puxando sua boca para ele.
- Faça – eu deixei escapar entre os gemidos.
Ele engoliu em seco, sua boca cheia de saliva e endorfinas.
- O que Roza, o que quer que eu faça. Diga-me.
Quando eu já estava a ponto de explodir de desejo e tesão, eu não pude mais reprimir.
- Morda – eu sussurrei – me morda.
Dimitri encostou a boca em minha pele e cheirou, suavemente. Sua língua demarcou a região, sentindo a pulsação rápida do desejo. Eu gemi. Antes que o gemido terminasse, suas presas atravessaram minha carne, de uma só vez, em um golpe rápido, fundo.
Enquanto ele sugava, eu cheguei ao ponto máximo. Uma. Duas vezes, mais, muito mais. Não existia mais mundo, não existia mais nada. Apenas meu coração batendo no ritmo de seu corpo contra o meu. Mais. Eu não queria que ele parasse. Deus, era tão bom! Tão quente e tão prazeroso. Eu podia sentir as endorfinas entrando em minha corrente sanguínea e isso era muito, muito bom. Desejo, tesão, nada se comparava aquela sensação. Nada se comparava a fazer amor, enquanto ele bebia de mim. Enquanto meu sangue passava do meu corpo para o dele. Enquanto éramos um.
Quando Dimitri parou de sugar, meu corpo pendeu sobre o dele, cansado, dolorido. Ele me sustentou.
Seus dedos frios e suaves acariciando meus cabelos.
Deixei meu rosto cair contra seu peito, aspirando o ar o máximo que eu podia. Eu queria guardar um pouco daquele cheiro, porque eu não sabia quando o veria novamente.
Dimitri não disse nada, não olhou nos meus olhos. Apenas beijou minha testa, mas eu podia sentir o tremor em seu corpo, podia sentir o quanto estar comigo havia mexido com ele também.
Enquanto ele me ajudava a vestir a calça e ajeitar a blusa novamente no lugar, seus olhos buscavam o horizonte, distante. Como se ele não soubesse o que dizer, ou como se quisesse esconder o que queria dizer.
Quando estávamos vestidos novamente, ele olhou para mim e sorriu. Um brilho diferente do sorriso sincero do antigo Dimitri, mas inda assim, era ele; ali dentro, em algum lugar era o meu Dimitri.
Ele me beijou suavemente e desapareceu, quase tão rápido quanto havia aparecido. Eu estava sem chão. Não sabia se queria entrar ou sair. Não sabia o que fazer ou o que dizer e principalmente, não sabia como esconder o que havia escondido. E por “esconder” eu nem me referia ás marcas da mordida – se bem que, este era o problema número dois. Eu me referia mesmo era a minha cara de idiota apaixonada, estampada em neon.
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