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sábado, 16 de abril de 2011

Capitulo 5


Mal podia acreditar no que ele dissera. As palavras saíram da sua boca com tanta facilidade que até parecia não se importar com a reacção que eu teria. A minha respiração estava fraca e as pernas, embora andassem com normalidade, estavam petrificadas. O medo apoderara-se de mim. Aquele sujeito era um vampiro grande e assustadoramente arrepiante, embora fosse bonito e encantador.
- Então…o que é que tu és afinal? – Perguntou gentilmente. – Humana não és de certeza.
Tinha medo de dizer algo que o irritasse. Não consegui sequer pensar nas palavras certas. Ganhei coragem, sabe-se lá como, para apenas lhe dizer que fora marcada por vampyro caça-cabeças e que estava a passar por uma espécie de mudança em que ou passaria para vampyra adulta ou se o meu corpo a rejeitasse, morreria de certeza absoluta. Porém, ele informou-me que com ele era diferente. Ele havia sido transformado por alguém que apenas conhecia como “ela” e que era amigo de um tal Riley, mas que este acabou por se revelar o oposto do que ele havia pensado.
Contou-me também que era um vampiro nómada (ou seja, um vampiro recém-nascido). Havia sido transformado apenas para participar numa guerra sem sentido nenhum, que era apenas uma marioneta nas mãos do tal Riley e da “ela”. Não quis participar naquilo e veio embora. Mas antes de o fazer, foi ter com uma das suas amigas vampiras, a Bree, e perguntou-lhe se queria ir com ele explorar o mundo que ainda não haviam visto. Ela apenas referiu que tinha de encontrar uma pessoa amiga antes de ir e ele disse-lhe que esperava por ela em Vancouver 1 dia, deixando-lhe um rasto em Riley Parle. E mais nada me havia dito.
Parecia esconder mais qualquer coisa, mas também não insisti muito. Parecia custar-lhe muito falar sobre aquele assunto. Comecei a dirigir-me para o motel onde eu estava hospedada mas ele continuava a seguir-me, nunca se separando de mim. Por um momento, senti-me vigiada e que me alguém me perseguia. Com o seu olhar fixo em mim até corei ligeiro nas bochechas, ficando um pouco rosadas nos dois minutos a seguir.
Entramos no motel e o recepcionista nem sequer olhou para nós. Ficou a olhar para o ecrã da pequena televisão que estava em cima da sua secretária, com um pacote de batatas nas pernas e umas poucas espalhadas pelos cantos, acabando por cair no chão cada vez que ele mexia o braço para alguma coisa. Dava um mau aspecto a quem visse o motel do lado de fora, mas o problema era dele. Pelo menos, os quartos são de boa qualidade apesar daquela amostra de gente não o ser. Entrei no meu quarto e mesmo antes de fechar a porta, o vampiro meteu um pé entre a porta e o fecho.
- Boa noite. – Disse, com ar inocente.
Fios do seu cabelo cobriam metade da sua testa, dando-lhe um aspecto brilhante e encantador. Observou-me atentamente e sorriu-me, mostrando os lábios perfeitamente definidos. Fiquei irrequieta por momentos, tendo a minha pulsação acelerada indefinidamente.
- Boa noite. – Respondi da mesma forma.
- Com isto tudo, ainda não sei o teu nome. – Soltou um pequeno riso.
Tinha que pensar se devia mesmo dizer-lhe ou não. Ele era vampiro, embora fosse diferente da minha espécie de vampyros. Vai dar tudo ao mesmo por isso nem vale a pena estar a trazer aquele pensamento ao de cima. Em voz sussurrante, disse-lhe o meu nome. Em resposta ele dissera-me o seu, mas de uma forma que eu achava incrivelmente sedutora: Fred.
Vi-o entrar no terceiro quarto ao lado do meu. Deveria estar também hospedado aqui. – Pensei eu. Mas também nunca o vira entrar. Parecia tal e qual como tinha acontecido no Monsuit e na recepção do motel. Ninguém nos viu, nem nos fez caso. Ignoraram-nos completamente, como se nem estivéssemos estado lá. Fechei a porta e encostei-me a ela, refugiando-me nos meus pensamentos. Parecia que já tinha conhecido o Fred há imenso tempo quando na verdade só o conhecera hoje.
Deitei-me na minha cama, aconchegando a minha cabeça a macia camada de algodão da almofada. Senti todos os momentos de hoje a esvoaçarem como pequenos pássaros em liberdade, prontos a sair e a sibilarem o seu canto natural. O entrar no café, a desconfiança dele, a conversa fora do café, o motel, tudo. Não esquecera nada. Tudo tinha ficado retido nas minhas pequenas e insignificantes memórias. Não pretendia que ficassem resguardadas num canto inferior qualquer à espera que o escuro do vazio as engolisse. Ficavam guardadas como simples fotografias. Belas e frágeis ao mesmo tempo.
Adormeci pouco tempo depois e a imagem do Fred não me saía da cabeça. O seu cabelo loiro, os olhos assustadoramente vermelhos de sangue, o seu sorriso…Não sabia porquê, mas estava a sentir-me estranha e um pouco esquisita. Devia ser imaginação minha. Esqueci aquilo tudo e aprofundei-me no meu sono. Já deviam ser 3 e pouco da manhã, mas também decidi não dar muita importância às horas. Calei os meus pensamentos e deixei-me levar pelo sono que me consumia.

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